sexta-feira, 8 de agosto de 2008

"...temo a banalidade do dia que vai seguir como quem teme a cadeia. (...)
O meu desejo é fugir. Fugir ao que conheço, fugir ao que é meu, fugir ao que amo. Desejo partir - não para as Índias impossíveis, ou para grandes ilhas ao Sul de tudo, mas para um lugar qualquer - aldeia ou ermo - que tenham em si o não ser este lugar. Quero não ver mais estes rostos, estes hábitos e estes dias. Quero repousar, alheio, do meu fingimento orgânico. Quero sentir o sono chegar como vida, e não como repouso. Uma cabana à beira-mar, uma caverna, até, no socalco rugoso de uma serra, me poder dar isto."

Livro do Desassossego - Bernardo Soares

2 comentários:

Joana. disse...

Eu já fugi e a minha fuga foi um fracasso. Vou fugir outra vez.

Beijinho *

Sr. Jeremias disse...

às vezes basta pouco mesmo...