sexta-feira, 16 de março de 2007

A Pluma Caprichosa


E o destino passa por mim

como uma pluma caprichosa

Passa pelos olhos dum gato

Como o avião passa no céu do camponês

Como a cidade passa pelo convalescente

Que sai pela primeira vez

Nos olhos da mulher que não perdi nem ganhei...

Nos olhos que durante um segundo me compreenderam

E amaram

Na sua ternura quase insuportável

O destino passa...

No amigo que lentamente é puxado para o outro lado

Da razão

E um dia mergulha na sombra que trazia em si por

Resolver

O destino cumpre-se e passa

Na praia nocturna que as ondas visitam e deixam

Como as imagens que sem cessar me assaltam e

Abandonam

Na espuma que esmago contra a areia muito fria

Na mulher que me acompanha e comigo se perde na

Noite

Nos soluços de luz verde que um farol nos envia

O destino DETÉM-SE e passa

Na inesperada hora de felicidade

Vivida um pouco a medo

Como os amantes quando percorrem as ruas desertas

Dum jardim

Um pouco a medo

Como a breve noite de amor em que um homem se

Encontra e refugia

O destino DEMORA-SE e passa

Estou onde não devia estar

Mas basta

basta

basta...



Alexandre O'neill

1 comentário:

éme disse...

Obrigada pelo teu comentário n'O Meu Gato. É sempre bom ficar a saber que textos bonitos como aquele também são apreciados.
Um beijinho em ti, Menina Maçã (: