sexta-feira, 6 de abril de 2007

Quarto Minguante

-A Lua é azul!
-Não é nada, é verde!
-Tu és daltónico, não distingues o azul do verde. -Oh...
O silêncio, envergonhado, também olhava para o quarto minguante.
-O céu está cheio de estrelas. Olha aquela!... E aquela!...
-Não apontes!
-Porquê?
-A Paulinha disse que não se deve apontar para as estrelas.
-Porquê?
-Diz que dá azar.
-Ah... Eu gosto de estrelas... fazem figuras.
As estrelas no céu fazem figuras.
-Fazem as figuras que nós queremos ver.
-É verdade que quando morremos nos transformamos em estrelas do céu?
-Não sei.
-Se, quando eu morrer, me transformar numa estrela, quero ficar perto da Lua, para puder vê-la bem quando estiver em Quarto Minguante.
-Tu e a mania do Quarto Minguante...
-Sabes, quando era pequena imaginava que um homem de pijama azul dormia na Lua.
-Quando eu era pequeno, formava palavras com a sopa de letras.
-Oh... não gozes.
Ele olhou-a como pela vez primeira, beijou-lhe a testa e sorriu...
-Tu não existes.


-"O Quarto Minguante enfeitiça-lhe o olhar, desde criança. E ela não sabe como é bom dormir na Lua."

1 comentário:

Paulo Mota disse...

Uii...diálogo lindo, estou arrepiado =S!

(Não resisto: já estava a imaginar isto feito em cima d'um palco xD)

Beijinho