domingo, 25 de maio de 2008

Avó

-Estás toda bonita.
-Foi a minha mãe.
-A tua mãe estraga-te. Já lanchaste? Tem lá dentro cenourinhas, bolos de arroz e daquelas bolachas que tu gostas.
-Húngaros?
-Isso...

-Ana Sofia, está a dar a novela.
-Vou já, Avó.
Eram os olhos azuis que harmonizavam a cara rosada que cozinhava a massa com cenoura e a sopa que eu tanto gostava.
Ganhava o dia quando a fazia rir, afinal tinha sido ela que me ensinara, em pequenina, a acalmar as borbulhas; que me ensinara...
"Anjo da guarda, minha companhia
Guardai a minha alma de noite e de dia".
-Obrigada pela visita, um beijinho ao Pedro e ao pai.
-Está bem, Avó.
(E nunca lhes entregava esse beijinho, mas despedi-me da Avó).


"Would you know my name if I saw you in heaven?
Would it be the same if I saw you in heaven?
Would you hold my hand if I saw you in heaven?"
(já lá vai meio ano.)

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